O UNStudio apresentou recentemente uma inovadora proposta para a chamada "cidade do futuro", um projeto piloto implantado no Distrito Central de Inovação (CID) da cidade de Haia. Mais conhecido como "cidade tecno-social", o projeto abrangerá uma área total de um quilômetro quadrado em pleno centro urbano de Haia. A proposta desenvolvida por uma equipe multidisciplinar encabeçada pelos arquitetos do famoso escritório holandês, tem como principal objetivo transformar a região em um novo e moderno bairro verde, auto-suficiente em moradias e escritórios.
A proposta do UNStudio faz parte de uma série de estudos desenvolvidos para a chamada "cidade do futuro", uma iniciativa conjunta entre o BNA Research (Royal Institute of Dutch Architects), a Universidade Tecnológica de Delft, a Associação Delta Metropolis e os municípios de Amsterdam, Roterdam, Haia, Utrecht e Eindhoven, além das secretarias de mobilidade e transportes e meio ambiente e dos ministérios de infra-estruturas e gestão das águas e do ministério do interior. A ideia nasceu em janeiro de 2018, quando dez equipes multidisciplinares foram contratadas para repensar a forma como construímos nossas cidades e aplicá-las em cinco estudos de caso específicos: Amsterdam, Roterdam, Haia, Utrecht e Eindhoven.
O conceito de cidade "tecno-social" criado pelo UNStudio procura responder duas importantes questões ligadas ao futuro de nossas cidades - a urbanização e a sustentabilidade - concentrando-se especificamente em questões relativas à auto-suficiência energética. O projeto é composto por uma série de elementos, "portais" concebidos como espaços catalisadores de encontros e inovação.
Suspenso acima das linhas de trem existentes, o projeto de urbanização proposto pelo UNStudio é composto por um conjunto de "setores" técnicos os quais apresentam possíveis respostas as mais relevantes questões do nossa tempo: energia, mobilidade, clima e produção de alimentos. Esses setores ou domínios técnicos representam as quatro portas de entrada para a cidade do futuro: elementos arquitetônicos que revelam soluções práticas para os problemas que enfrentamos e enfrentaremos em nossas cidades, simultaneamente apresentando-se como marcos urbanos de referência na paisagem - uma usina geotérmica anuncia a revolução nos sistemas de geração de energia, uma estação Hyperloop revelando como será a mobilidade urbana no futuro, uma estação de tratamento de água ressaltando a importância da manutenção dos ciclos das águas. Estes portais urbanos compõem uma rede de espaços públicos que servem como catalizadores de encontros informais, conectando bairros e pessoas e, assim, transformando-se em centros de inovação.
Estes portais surgem como uma resposta ao contexto urbano aonde será inserido o centro de inovação da cidade de Haia. Contando com três grandes infraestruturas interurbanas muito próximas umas das outras, apresentava-se uma oportunidade sem precedentes para transformar a macro região de Haia em um superhub metropolitano; uma rede de terminais intermodais estreitamente conectados, uma área comparável em tamanho ao Aeroporto Schiphol de Amesterdam. A necessidade de integrar estes elementos também oferecia a possibilidade de implantar um inovador sistema de mobilidade urbana, como o Hyperloop, o qual contará ainda com veículos elétricos compartilhados e possivelmente, cápsulas teleguiadas que contribuirão ainda mais com a mobilidade urbana dentro do distrito de inovação. Assim que esta estrutura urbana elevada for construída, o superhub deverá transformar-se gradualmente no novo centro da cidade, a qual tenderá a crescer ao longo dos trajetos que conectam os seus principais elementos, criando uma estrutura urbana densa, eficiente e sustentável. A usina geotérmica será a principal fonte geradora de energia e, como tal, será um dos principais elementos do Distrito Central de Inovação. A usina não é apenas uma infra-estrutura comum na cidade do futuro, ela funcionará também como um importante elemento de conexão entre a rede de espaços públicos, contando ainda com um jardim de inverno e um espaço colaborativo de trabalho que abrigará uma série de promissoras start-ups. Acima de tudo, a usina será um símbolo da futura transição energética do nosso planeta.
A estação de tratamento de água, ou Biopolus, será o segundo "portal" do superhub, um sistema circular que fornecerá ainda espaços para o cultivo de alimentos além de abastecer toda a cidade. O Biopolus é um sistema de tratamento d'água que garante a potabilidade e a qualidade do sistema possibilitando inda que os nutrientes liberados sejam reutilizados para o cultivo de alimentos. As águas reaproveitadas são bombeadas para o nível mais alto de um sistema que funciona por gravidade, fluindo para o nível mais baixo através de vários processos de purificação, purificando a água que então é devolvida ao seu ciclo natural. O Biopolus revela-se como uma fazenda urbana, um parque vertical e um símbolo da sustentabilidade. As mudanças climáticas apresentam riscos e desafios para a região metropolitana da cidade de Haia, como inundações e superaquecimento. Atualmente, a água da chuva, o sistemas de drenagem e esgoto possuem todos um destino comum. Na cidade tecno-social a água será devidamente separada em diferentes sistemas. As águas residuais serão drenadas através de tubulações subterrâneas, porém a água da chuva, relativamente limpa, poderá ser reutilizada e direcionada para os espaços públicos: um sistema de irrigação por canais, espelhos d'água e fontes.